quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Documentos digitais - A velha nova era!

Para quem está precisando de uma ajudinha financeira pra realizar a viagem dos sonhos... 

O Sicoob - Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil, maior sistema cooperativo do Brasil e uma das seis instituições com maior movimento na Compe e possui 14 cooperativas centrais, adotou uma nova solução de verificação automática da qualidade da imagem de cheques que mudou a rotina de compensação nas cooperativas de crédito. Desde então, para cada cheque depositado na boca do caixa ou nos terminais de autoatendimento, um scanner gera um arquivo digital, que é disponibilizado para a consulta das instituições financeiras envolvidas na transação.

O novo processo permite mais segurança e economia, pois reduz fraudes e elimina custos com malotes, transportes e manutenção dos centros de compensação. O principal reflexo da iniciativa é a eliminação de etapas burocráticas e a consequente redução no tempo que o cheque leva para ser creditado.

Como bem sabemos a diplomática se preocupa também com a autenticidade!

Veja a íntegra da reportagem!



Modelos de análise diplomática e tipológica foram mostrados tanto nos textos quanto na palestra. Se utilizá-los em documentos convencionais já é um desafio, imagine em documentos digitais?!

Relacionando ao tema da reportagem: O documento digital proveniente do cheque, apresenta qual gênero? Imagético ou Textual? É como no caso do processo judicial, onde apesar de ser gerado por scanner, também tem o conteúdo textual. Mas neste caso o imagético fica mais relevante por demonstrar aspectos de autenticidade que dependem da qualidade da imagem. Inclusive a citada Stefanini Document Solutions, se apresenta como uma empresa que desenvolve soluções de recuperação de informação.

Dentre os maiores ganhos para as empresas que adotam sistemas eletrônicos de documentos aponta-se a agilidade no trâmite, visto que consultar o documento independente das barreiras de espaço geográfico facilita e desburocratiza ações. Quanto aos custos, entende-se que não há propriamente uma economia, e sim uma realocação dos investimentos do transporte, por exemplo, para a tecnologia. Um problema ocasionado pelos sistemas de documentos eletrônicos é que falhas em seu funcionamento podem comprometer os serviços oferecidos e provocar reclamações das partes envolvidas.

Ruipérez cita algumas atividades, como classificação, avaliação e descrição, que são feitas a partir da identificação das séries e percorrem desde seu nascimento até sua morte, por assim dizer. Quando se trata de documentação digital o que vem ocorrendo é que não passa por tais atividades.

Lopez defende que os critérios de seleção e arranjo devem ser claros. Na tentativa de dar um direcionamento na realização de algumas destas atividades o Conarq dispõe em sua Resolução nº 14 sobre Código de Classificação de Documentos de Arquivo para a Administração Pública, e os prazos de guarda e a destinação dos documentos, estabelecidos na Tabela Básica de Temporalidade e Destinação de Documentos, considerando ainda a eliminação de documentos de caráter público. Lopez diz que avaliar é uma necessidade da práxis arquivística, já que até mesmo o descarte é justificável. Não se pode guardar tudo e nem há necessidade, pois algumas informações se repetem na documentação, mas é preciso utilizar critérios rigorosos, que irão garantir uma boa organização e descrição do que se decide preservar para a compreensão da sociedade.

É preciso explorar e pesquisar mais sobre maneiras de adaptar estas atividades à realidade dos documentos digitais! Seria pertinente, então dizer que o documento digital não passa pelas fases do ciclo documental? O que acontece é que as fases não são bem delimitadas. Seria ele corrente quando está passível de alterações, que ficam registradas no sistema por quem e quando foram feitas? E permanente quando não está mais em uso administrativo?  Então, qual o motivo de guardá-lo para a posteridade, monumentalizando-o, como propõe Le Goff, mesmo que tenha sido gerado espontaneamente e não com uma intenção ideológica? São questões a serem discutidas.

A arquivística está relacionada à história. O historiador é um dos principais usuários da informação que é tratada e disponibilizada nos arquivos através dos documentos, do registro, do vestígio! Para a história, os objetos que aos nossos olhos são estranhos, acabam se tornando documentos. A tendência dos documentos mudarem de suporte, de passarem a ser eletrônicos, pode até mesmo refletir para a história as mudanças sociais, o modo como o ser humano vem se relacionando e se comunicando.

Mais do que gerenciar, é preciso preservar os documentos digitais. O que percebemos é que muitas são as discórdias entre informática e arquivística no que rodeia o tema. Esta também deve ser uma preocupação do arquivista, apesar do conhecimento mais profundo sobre mídias, softwares e hardwares estar com o pessoal da computação. A SICOOB comenta em ter adquirido discos com grande capacidade de armazenamento. A arquivologia não deve competir com as outras áreas, mas sim contar com a ajuda das mesmas, estabelecer um diálogo que torne possível o esclarecimento dos seus objetivos.

E no contexto de um arquivo pessoal, por exemplo, deixando de lado as instituições, como se encaixariam os documentos digitais? Lopez chega a dizer em seu estudo sobre as associações políticas e sua tipologia, que a arquivística brasileira não tem se voltado para os arquivos de natureza privada. Notadamente a legislação arquivística brasileira não dá orientações aplicáveis a toda e qualquer modalidade de arquivo, baseando-se principalmente na esfera pública. Ele diz também que é preciso tratar cada um com sua especificidade, de acordo com o seu tipo de acervo, não podendo descontextualizar seus documentos, o que significa que cada documento deverá ser agrupado com outros que reflitam a mesma tarefa, constituindo séries documentais. Uma dificuldade do documento digital arquivísticos é que seu contexto e sua relação com os outros documentos podem ser facilmente perdidos, especialmente se forem removidos do lugar onde foram criados.

E a questão da conservação do documento físico também é polêmica. É claro que os cheques do SICOOB não serão eliminados enquanto vigorarem, pois possuem valor financeiro, talvez em outro momento, levando em consideração o disposto em cada Tabela de Temporalidade. O mesmo ocorre nos processos judiciais, visto que não só o físico possui valor comprobatório, e  utilizando-se do cheque digitalizado é possível realizar operações bancárias. Na realidade o que mais acontece é a manutenção do físico, no caso de precisarem ser utilizados novamente por algum erro, de digitalização, por exemplo, não por desconfiança de que não sejam fidedignos. 

E quanto ao que alguns chamam de forma e outros de status nos documentos digitais provenientes do cheque? Pode-se dizer que o físico é o original e os demais cópias.  Há também os documentos que já nascem digitais, que também precisam apresentar elementos em sua forma que indiquem que são fontes confiáveis, como a autenticação, que como nos diz Duranti reconhece legalmente que a assinatura do documento é de quem diz ser. Do mesmo jeito, já temos assinatura e certificação digital.  Ainda sobre a forma, se alterado o idioma, por exemplo, o documento pode representar algo diferente. E é no texto do documento que está a razão de sua criação, sendo, portanto a parte mais importante do documento. É importante tomar cuidado, como Leonardo nos disse, da sua origem ao seu destino, pois o documento pode sofrer influências externas que irão descaracterizá-lo como autêntico. A reportagem também pontua a realização de treinamento dos funcionários, o que de fato é importante, para evitar mudanças, propositais ou não no teor do documento.

Imagem extraída de: http://www.itportal.com.br/case/sicoob-adota-verificac-o-automatica-da-qualidade-da-imagem-de-cheques, em 16/01/2013. 

6 comentários:

  1. Acredito que um dos aspectos mais interessantes levantados por Leonardo foi o de que modelos de análise diplomática promovem a desconstrução da realidade em pedaços. A reportagem apresenta principalmente as vantagens da documentação digital. Leonardo enfatizou também alguns problemas ocasionados por ela. O que achei muito relevante foi que demonstrou a dificuldade da pesquisa devido a escassez de fontes produzidas em nosso país sobre a diplomática e o que disse sobre a divergência entre a comunidade internacional e o Brasil, que primeiramente implementa os sistemas, faz os investimentos em tecnologia e somente depois planeja.

    PRISCILA MEDEIROS PEREIRA RODRIGUES.

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  2. Boa-noite, meninas!!
    A meu ver, a atividade de vocês foi muito bem executada e toda a temática foi muito bem desenvolvida.
    Vocês conseguiram convergir as ideias dos textos embasando na reportagem escolhida.
    As definições trazidas foram transpostas de forma coerente e atual.
    Só está faltando os comentários das outras três integrantes.
    Muito bom!

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  3. É bom ter esse feed back, saber se estamos no caminho certo, fazendo o que foi proposto, pois às vezes não sabemos no que precisamos melhorar.

    PRISCILA MEDEIROS PEREIRA RODRIGUES

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  4. Pelo que entendi, a palestra do Leonardo apresentou um pouco da realidade vivenciada com relação ao acumulo e analise dos documentos digitais. Esses documentos requerem um cuidado especial e criam espécies documentais que não existiam antes. Tudo isso requer custos, criação de normas e sistemas que se adaptem a nova realidade. Há grandes possibilidades de se perder o contexto, se esses documentos não forem bem organizados ainda mais quando tem que migrar de um sistema para outro pela obsolescência das tecnologias. Outra preocupação, é a questão da eliminação, para mim não faz sentido guardar todos os processos digitais como exposto na apresentação do Leonardo, pois umas das bases para que um sistema de gerenciamento seja eficiente e a guarda do mínimo, mas com o maior número de informações relevantes. O nosso post expõe bem a questão da problemática da criação de nossas tipologias, o 'cheque digital', se é um documento imagetico ou textual, sua guarda e avaliação, e também positivamente demostrando como isso esta melhorando as atividades, proporcionando uma maior segurança e economia para o banco e usuários.

    Maiara Cotinho Carvalho

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  5. Ao assistir a palestra do Leonardo e após algumas leituras, pude perceber que a migração dos documentos convêncionais para os digitais é a nova tendência do momento. Porém há suas vantagens e desvantagens, para que essa mudança aconteça de forma eficaz, deve haver um vasto planejamento ao implementar um novo sistema de gestão eletrônica, levando em consideração aspectos como: classificação, avaliação, prazos de guarda, controle do trâmite(segurança), eliminação, e guarda pemanente (um dos maiores desafios). Em nosso post abordamos estas questões, como também se é necessário manter os documentos físicos após digitalizados ou microfilmados, os que já nascem digitais não apresentam essa problemática.

    Diana de Almeida Freire - 100098479

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  6. Aline Pereira Pachecosexta-feira, janeiro 18, 2013

    A palestra do Leonardo, a situação da reportagem bem como os textos lidos, deixaram claro que a adoção de sistemas eletrônicos de documentos traz entre outros benefício, a agilidade no trâmite, a recuperação da informação de forma mais rápida e a economia de espaço físico, porém, podem ser encontradas muitas desvantagens na adoção desse sistema, como a fragilidade do suporte digital, a necessidade de constante atualização de tecnologia, visto que desatualização do software e hardware é um grande risco e pode impossibilitar a recuperação da informação. A implementação de sistemas eletrônicos de documentos deve ser feita observando-se as maneiras de adaptar as atividades arquivísticas aplicadas as documentos convencionais à realidade dos documentos digitais.

    Aline Pereira Pacheco / 10/0128912

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