quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Duplicity!

Para viajar não precisamos necessariamente sair do lugar! A nossa mente pode nos levar!






Reconhecemos no filme como tipo documental o cartão de visitas que Bárbara Bofferd mostra à Ray. Geralmente a função de um cartão de visitas é manter contato, tanto que deve possuir basicamente nome do individuo, da empresa, cargo, endereço, telefone, e-mail e logotipo da entidade. No caso o mesmo foi utilizado para identificação, para comprovar que a senhorita era quem dizia ser, o que não coincide com a sua função primordial, já que um documento de identificação usualmente é constituído por foto.

Analisando sua autenticidade legalmente podemos concluir que não há uma autoridade que garanta a sua criação, não existe uma personalidade que o valide, ou seja, somente o logotipo da instituição não basta, uma vez que pode ser manipulado com destreza e facilidade, da mesma forma que um carimbo também pode ser forjado. Logo é juridicamente inautêntico.

Diplomaticamente trata-se de um documento autêntico por ter sido produzido de acordo com as práticas do tempo e do lugar indicados, assim reflete perfeitamente a espécie, ou seja, a natureza e a disposição dos elementos demonstram claramente que se trata da estrutura e da forma de um cartão de visitas.

Já quanto à autenticidade histórica dizemos que não se pode ter certeza se a informação passada em um cartão de visitas é verdadeira, já que a pessoa que faz uso do mesmo pode não ser quem alega, daí a importância de uma foto, por exemplo, para confirmar seu conteúdo. No enredo entendemos que o documento em questão é autêntico historicamente por passar uma informação verídica, que corresponde à realidade, pois a mulher que apresenta o cartão é mesmo quem diz ser, Bárbara.

O documento escolhido, cartão de visitas, pode ser considerado autêntico e verídico, apesar de não ter valor jurídico e ser de fácil alteração, já que por não ter foto e sem ser acompanhado de algum “documento de identidade” propriamente dito qualquer um pode utilizá-lo.

Segundo Duranti (1996, p. 119), “la forma de un documento revela y perpetua la función a la que sirve”, assim a diplomática define “la forma como el complejo de reglas de representación usado para transmitir un mensaje”. Diplomaticamente  conseguimos identificar o documento como um cartão de visitas, mas fazendo uma análise tipológica percebemos que ele assume outra função.

Até a próxima aventura!

Referências:

DURANTI, Luciana. Diplomática: usos nuevos para una antigua ciência. Trad. Manuel Vázquez. Carmona (Sevilla): S&C, 1996. (Biblioteca Archivística, 5).

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